Tempo e História Javaé

Educação Escolar Indígena e Licenciaturas Interculturais

Em 2023, comemoramos 15 anos da Lei 11.645/2008, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas. Apesar dos avanços, persistem desafios na implementação, como a visão eurocêntrica e estereotipada que ainda prevalece.

Revistas Articulando e Construindo Saberes e Pihhy

Revistas Articulando e Construindo Saberes e Pihhy são publicações vinculadas ao Núcleo Takinahakỹ, destacam-se por promoverem saberes indígenas e pluriepistemológicos, contribuem para o fortalecimento da educação intercultural e a valorização das culturas originárias no Brasil.

Desafios e resistências historiográficas no ensino das culturas indígenas no Brasil: uma visão panorâmica

A representação e entendimento dos povos indígenas na academia e educação básica evidencia o conflito entre as perspectivas ocidentais e as epistemologias indígenas. As comunidades indígenas possuem uma conexão profunda com a natureza, em contraste com a abordagem da ciência ocidental que separa o humano do meio ambiente. A intelectual e pesquisadora indígena do povo Maori, Linda Tuhiwai Smith, critica a pesquisa ocidental como enraizada no colonialismo, gerando desconfiança nas comunidades indígenas.

Interculturalidade Crítica, Transdisciplinariedade e Decolonialidade

A história dos povos indígenas é uma parte fundamental da história do Brasil, mas muitas vezes é negligenciada na educação básica. É crucial reconhecer que esses povos possuem suas próprias concepções de temporalidade, distintas das perspectivas ocidentais predominantes. Adotar essa abordagem permite uma nova compreensão da história e da cultura indígenas, priorizando suas narrativas e dialogando com as demandas do tempo presente.

Nova História Indígena

A partir da análise historiográfica que destaca a emergência da Nova História indígena no Brasil, podemos perceber um movimento significativo que reconfigura nossa compreensão dos povos originários como protagonistas cruciais nos processos históricos. Esta abordagem contraria qualquer visão monocultural e monotópica da historiografia, enfatizando a riqueza das interações entre diferentes histórias-mundo.

Pesquisas Extraescolares do Comitê Javaé

A resistência e resiliência dos povos indígenas são evidentes na sua capacidade de enfrentar e se adaptar às adversidades impostas desde a chegada dos europeus. Eles transformam os mecanismos históricos de opressão em ferramentas de afirmação cultural, celebrando sua identidade indígena em vez de negá-la.

Contextualização e valorização da produção intelectual indígena

Discutir questões relacionadas aos povos indígenas sem considerar seus conhecimentos ancestrais e o protagonismo na produção intelectual pode levar à caricatura e folclorização. Uma abordagem descontextualizada de seus saberes, que muitas vezes são vistos como "exóticos", resulta numa visão estereotipada denunciada pelo historiador John Monteiro. Ele destaca que a história e os historiadores frequentemente retratam os indígenas como figuras de um passado imutável, ignorando a complexidade e diversidade dessas sociedades.

Autonomia e protagonismo indígena como estratégia didática

As pesquisas realizadas pelos alunos do curso de Licenciatura Intercultural Indígena mostram-se como ferramentas eficazes e originais para a revitalização e valorização da presença e contribuição dos povos indígenas na história do Brasil. Permite considerar uma história indígena que abranja não apenas a historiografia, mesmo a da Nova História Indígena, mas também o protagonismo dos conhecimentos indígenas, suas próprias visões de história e tempo.

Reterritorializar o ensino de história: saberes indígenas em foco

Retirar os saberes indígenas de seus contextos originais desvia a atenção das configurações locais em benefício do processo abstrato e aparentemente universal do capital e do Estado, tornando invisíveis as formas subalternas de pensar e os modos locais de configurar o mundo. O conhecimento local se forma a partir das vivências diárias e se transforma através da prática contínua e da interação com contextos mais amplos.

História, tempo e lugar segundo a perspectiva Javaé

As narrativas e histórias demonstram a interação criativa e dialética entre o ser humano e o meio ambiente. Através dessa interação, os indivíduos utilizam sua subjetividade para modificar e interpretar o mundo ao seu redor. A capacidade de reflexão é fundamental para a ação humana, permitindo que as pessoas, ao transformar seu entorno, construam uma compreensão sobre a sociedade e suas transformações ao longo do tempo.