O Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena (NTFSI) foi criado na Universidade Federal de Goiás (UFG) em 2014 para atender à demanda por um curso de Licenciatura em Educação Intercultural, iniciado em 2006. Atualmente, o curso recebe aproximadamente 300 estudantes indígenas, muitos dos quais já atuam como professores. As alunas e alunos provêm de várias regiões, incluindo o Território Etnoeducacional da Região Araguaia-Tocantins, o Parque Indígena do Xingu e a Terra Indígena Xakriabá, representando 32 diferentes povos dos estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão e Minas Gerais. Os idiomas falados pelos estudantes abrangem uma ampla variedade de troncos linguísticos, incluindo Tupi, Macro-Jê, Aruak, Bororo e Trumai.
A estrutura pedagógica do curso é dividida em duas fases principais: uma realizada na universidade e outra nas Terras Indígenas. Na UFG, os períodos de estudo acontecem em janeiro/fevereiro e julho/agosto, focam em temas contextuais e complementares das Matrizes Básica e Específicas. Durante esses períodos, são oferecidas orientações para Estágio Pedagógico, Projetos Extraescolares e outras atividades de pesquisa, incluindo seminários temáticos.
Os Comitês de Orientação, formados por estudantes, ex-alunos, professores do NTFSI, membros das comunidades indígenas e ocasionalmente da comunidade acadêmica, desempenham um papel importante na ligação entre a universidade e as comunidades. Os comitês, organizados por povo e proximidade geográfica e cultural, ajudam na formação de docentes indígenas, na produção de conhecimento e de estratégias pedagógicas próprias, de acordo com as demandas do seu povo.
O curso oferece habilitações em Cultura, Linguagem e Natureza, com foco na valorização das culturas indígenas, educação linguística e percepções culturais sobre o meio ambiente. A Prática como Componente Curricular inclui 400 horas de atividades pedagógicas e culturais, promovendo a integração da escola com o território indígena.
O Projeto Extraescolar e o Estágio Pedagógico introduzem novos conceitos e práticas pedagógicas, com estágios coordenados por comitês compostos por professores indígenas. Através deles busca-se transformar a escola indígena em um meio de afirmação das identidades, conectando-a a diferentes espaços educativos e formativos.
É fundamental refletir sobre a sociedade em transformação e a educação escolar indígena em construção, articular suas diversas dimensões epistemológicas e políticas em respeito à diversidade desses povos. Essa reflexão é crucial para a descolonização dos conhecimentos na formação de professores não indígenas e para a construção de um ensino de história que reconheça e valorize as particularidades e potencialidades das sociedades originárias.
Para mais informações: Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena
Instagram: @takinahaky